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24 Rés-do-Chão

24 Rés-do-Chão

Um, 2, 3, 4 e 5.

Conto uma mão cheia de motivos pelos quais nunca vamos passar de um amor de verão e ainda consigo inventar mais um ou dois, mas depois vens-me beijar o ombro enquanto fumo um cigarro à janela e vejo a cidade que já se tornou minha e eu fico sem saber como ir embora.

Fim há vista.

Deixa-me sem fôlego, não me deixes pensar, porque no entrecruzar de pernas e nas carícias só tenho espaço para o prazer. Beija-me e solta gemidos, deixa-me saber que é assim tão fácil viver. Porque não penso, nem vou pensar. É simples porque não sei quando vai acabar, mas que há um fim há vista.

O amor é ruído. O drama é turvo e acinzentado.

Deixa-me observar o mundo lá fora. Fala e deixa-me absorver-te, se tiveres o que me dizer. Não te quero descrever, não quero ter nada para contar sobre ti, mesmo que possas voltar e ir beber um café. Deixa-me antes memórias para remexer mais tarde, mas que não me tentem prender numa teia. Porque contigo contam os gestos e o olhar que às vezes deitas sobre mim.

Não queria deixar esta folha em branco, mas só quero olhar lá para fora e ver, pois não tenho nada para dizer. Talvez não sejas o amor, mas não és o drama. És o meu segredo de verão, és o coração fugidio que nunca tentei apanhar. Serás aquele que me ensinou quão bom é o toque e mostrou o lado maravilhoso de ver e ouvir. És aquele que nos enrolou na capa, sem nos prender.

O amor é ruído e o drama é turvo e acinzentado, mas nada oiço e o que vejo é nítido e de cores vivas. Talvez não sejas nada, talvez a ponte já lá não esteja para ser atravessada e já não haja margens de rios onde caminharmos os dois.

Drama

Em casa, quando procuro algo e não encontro, sei que mais tarde, quando desistir de procurar e me adaptar, vai finalmente aparecer. Hoje sei que não é só em casa com objectos. Sei que é assim no amor e sei que ainda não desisti de o encontrar. Por isso é que vieste e já foste, porque não é de ti que estou à espera, embora ache que já te encontrei.

Verão

Ele pede-me desculpa, mas não tem que o pedir, "só não quero que faças nada de que te arrependas" e desta vez não o impeço de me beijar. Segundo ele tenho a pele macia, faço-o esquecer os problemas e fumar menos. Rir faz bem e rimo-nos muito, "logo és a minha dieta" diz-me ele.

O universo diz-nos que não, que não estaremos sozinhos logo à noite ou que alguém vai entrar em casa quando ele me carrega nos braços, mas amanhã escapulimo-nos antes e seremos só nós os dois.

Leva-me para o quarto e beija-me o corpo, não há tempo morto e não há nada para dizer. O pior é ele ir-se embora enquanto estou a dormir. A cama é grande e eu gosto de companhia, mas ele julga que tenho o sono leve. Vem ter comigo de manhã, quando eu já não preciso de companhia, quando preciso apenas de me ir embora e atravessar a ponte.