Come to an end.
Tu já não és o rapaz que expelia charme e que com esse sorriso, que pega apenas num dos cantos, conseguia derreter-me as entranhas por completo. Eu hoje olho para ti e não vejo a luz que existia no teu rosto, os teus olhos estão apagados, como se a vida tivesse sido enterrada noutra qualquer parte do teu corpo. Por favor, diz-me que estou enganada. Mas... que fizeste aos caracóis? Até o teu corpo me parece estranho.
Consigo lembrar-me dos vários momentos que passei contigo e não sou poupada nos pormenores, até porque num qualquer blogue, há uns anos, os descrevi com exactidão. E é engraçado que os anos passam, mas tu vais ficando e eu caindo no enredo por qualquer migalha que vamos deixando no caminho um do outro e que logo deixa de ser suficiente. Ficaste, caí. Pretérito perfeito, perfeito para nós os dois.
Eras um cavalheiro, com a pitada de ousadia e subtileza que te fazia o meu rapaz, o meu fruto proibido que no final do dia, nas horas tardias, já não era assim tão proibido, talvez agora seja contra os meus princípios, mas foste e és o risco que nunca me arrependi de correr.
Vejo agora que é mais complicado falar de ti do que queria crer. Sinto-me como se fosse uma despedida e sinto-me triste, ironicamente, eu que sempre escrevi sobre ti e sobre a forma horrenda com que me prendias e a minha necessidade de ser livre. Também admiti que não te queria fora da minha vida de uma forma definitiva, mas não tenho grande palavra nesse aspecto quando somos dois a comando do jogo.
Talvez nem te apercebas, mas estás a afastar-me, estás a fazer-me querer-te longe. E seria pouco dizer que me tinhas exactamente onde querias e quando querias. Nada disto muda o teu quotidiano e não mudará o meu, mas caindo nos clichés, vou dizer que o coração ressente-se porque já te conhece, acomodou-te lá num canto e estimou-te o quanto pôde. Só que as migalhas acabaram-se. Tu já não és tu, és alguém que se deixou engolir pelo deleite e efemeridade da vida.
Já não preciso de viver nos intervalos da tua ausência, porque não é mais uma situação precária. Mas tenho tanto para te dizer. Como o ter saudades tuas, não de ti, mas daquele que me apresentaste há muito, e que me deixou muito tempo sem saber como sair daqui.